Quando o coração percebe
Que uma parte de si não está mais lá,
A mente tenta criar o alívio
Em sua profunda complexidade.
Um caleidoscópio de mecanismos de defesa.
No entanto, por mais que seja versátil,
Complexa e quase infinita a sua habilidade –
Muito além da nossa compreensão –
Não é capaz de apagar a dor.
A verdade pungente, que pulsa com cada batimento,
A cada momento traz o dado de realidade:
Não está mais lá… Não está mais lá…
A cada pulsação um “não está mais lá”.
Um quarto vazio é a imagem visual.
O silêncio na tarde de folga,
Quando tudo era barulho,
Por assim dizer,
Docemente perturbador.
Como pode não estar mais,
Se ainda está aqui no coração?
Como é possível que a mente,
Em seu complexo funcionamento,
Criar, ao mesmo tempo,
Ausência e presença?
Nessa dança estranha
Que a existência nos faz experienciar,
Nenhuma palavra é capaz de expressar
Aquela dualidade de
Presença e ausência.
Nenhuma lágrima apaga
Aquele “não estar” fático
Ali presente… E ausente.
O coração queima, treme,
Se agita e convulsiona.
Empalado, transfixado e sangrante.
Teima em continuar batendo, buscando força
Sabe-se lá de onde.
Um coração ardente na busca de paz.